até quando, minha Guiné?

continuarás sem rumo nem Senhor
comboiarás teu caminho sem destino
viandarás teu trajecto sem gravidez
sem sonhos e nem mudança
até quando, minha Guiné?

dormirás enquanto o dilúvio sanguíneo
segue fenecendo tua desnutrida face
persistirás em ser minha execrável aflição
desfile de catanadas e saibros de via-crúcis
até quando, minha Guiné?

refutarás o rumo certo desta vida
o ressuscitado com poder de salvar-te
contentar-te-ás com a mudez e ceguez
sempre calar e nada ver para não desviver
até quando, minha Guiné?

a esperança é a única que resta viva
quando um homem entrega-se à morte
mas abonar-me-ás  lágrimas apenas
lamúrias e lamentações face a armas
até quando, minha Guiné?

pátria é circunspeta de pessoas e povos 
amar a nação é cingir seu povo no peito
mas seguirás gemendo sob opressão
até quando, mínha Guiné?
té kal dia, nha Deus?

Delo Belo
2010 -

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